Maranhense Jackson, ex-Seleção conta como se recuperou de AVC: “Bens materiais valem nada na UTI”

Em um dia, Jackson batia pelada com amigos; no outro, encarava a maior batalha da vida; ex-Palmeiras, Sport e Seleção já consegue andar e recuperou movimentos do braço

Meia do Maranhão, Jackson — Foto: Bruno Alves/Globoesporte.com

Em 24 horas, a vida de Jackson virou de ponta cabeça. Num dia, batia bola com os amigos em um campeonato de várzea no município vizinho de casa, em Codó, interior do Maranhão. No outro, o meia ex-Seleção, sob um leito de hospital, se deparava com a maior batalha dos 52 anos de vida: lutar contra as complicações de um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Assim, repentinamente, Jackson reviu prioridades. Chorou. Sorriu. Aprendeu. Hoje, três meses depois de acometido pela doença que o tornou um novo homem e transformou a rotina da própria família, assegura que a vida lhe deu a maior das lições.

“A partir do momento que você está dentro de uma UTI na situação em que eu estava, bens materiais não valem nada”

Jackson sofreu derrame cerebral em 23 de fevereiro. Foi socorrido para uma unidade de pronto atendimento (UPA) em Codó, no Maranhão, cidade onde vive, e depois transferido para um hospital na cidade de Coroatá, devido à necessidade de internação em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Sob cuidados médicos, o ex-meia de Sport e Palmeiras permaneceu internado por duas semanas – até ir para um apartamento. O rosto e fala não sofreram sequelas, mas Jackson perdeu os movimentos da perna e do braço esquerdo.

Ficou sem sentir nada.

– Para você ter ideia: Jackson, por ter sido atleta, não parou. Um dia antes do AVC ele estava jogando campeonato na cidade vizinha, quando foram campeões com dois gols dele -, conta uma das irmãs, Allyne, em contato com o ge.

Agora, superada a pior fase da doença, com o apoio incondicional da família, a esposa Sandra e o filho Nickson Gabriel – o ex-jogador passou a morar na casa dos pais, José Geraldo e Maria da Graça, por exemplo – e dos amigos, Jackson caminha para se recuperar plenamente. E rápido.

– Hoje estou bem. Me sobressaí graças aos meus amigos e à minha família, que me apoiaram bastante. Minha rotina mudou completamente com as medicações, alimentação mais saudável e, claro, o descanso. Agora estou na base dos remédios e da fisioterapia – diz Jackson.

– Minha irmã mora em Olinda (Ariluze Coelho) e veio para cá para o Maranhão e ficou os 30 primeiros dias comigo porque é fisioterapeuta. Em primeiro lugar (agradeço a) Deus, minha família. O AVC serviu muitas coisas a respeito de amizade, que nenhum dos amigos me abandonou, com força, orações, apoio moral. Eu estou bem amparado – vibra.

A voz embargada ao conversar com a reportagem deixa rastros: Jackson está sensível. Também não é para menos. Emocionado, divide conosco cada uma das suas ligeiras conquistas: o pouco tempo de tratamento já fez o ex-jogador retomar os movimentos do braço esquerdo e andar sozinho.

Jackson sofreu, passou por mal bocados, mas tomou de volta para si o seu empoderamento. O próprio reconhecimento, que o fez admirado por muitos quando jogou profissionalmente.

“Pela gravidade da situação, a recuperação dele tem sido surpreendente. Impressionante”, realça a irmã do ex-jogador, Allyne.

Revelado pelo Maranhão, o ex-meia brilhou no Sport entre 1997 e 1998, conquistando o bicampeonato pernambucano e recebendo a Bola de Prata do Brasileirão de 1998. O desempenho chamou a atenção do Palmeiras, que o contratou no ano seguinte. No Verdão, foi campeão da Copa Libertadores de 99.

Ex-jogador Jackson vestindo a camisa da Seleção Brasileira — Foto: Reprodução / Instagram

Jackson teve passagens por Cruzeiro, Internacional, Coritiba, Vitória, e clubes do exterior, antes de encerrar sua carreira em 2011, no ABC, onde ajudou a equipe a conquistar a Série C e o Potiguar.

– Alguns clubes ligaram, alguns amigos também, colocando-se à disposição, mas graças a Deus não foi preciso, pude me manter, custear todas as coisas necessárias pós-AVC. O Sport, o Vitória, eles me ligaram, e alguns amigos da Seleção também, me dando muita força na minha recuperação – lembra.

“A força de vontade para sair dessa situação está sendo muito grande. Tenho absoluta certeza que em breve estarei 100%”, profetiza Jackson. Para celebrar o maior título da sua vida.

G1 – Por Camila Sousa — Recife

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Graduado em Jornalismo, Luiz Antonio Morais é pós-graduado em Design Gráfico e Publicitário. Mantém o blog desde 2008, um dos mais antigos do Estado.

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