A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) lançou em janeiro deste ano o Relatório Anual de Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil. O levantamento aponta uma queda de 51,86% no número de casos entre os anos de 2022 e 2023. No entanto, com 181 agressões a jornalistas e ataques à liberdade de imprensa registrados, a realidade enfrentada por estes profissionais ainda apresenta desafios.
Samira de Castro, presidente da Fenaj, explica:
“De fato, pelos nossos indicadores, houve uma redução no número de episódios de violência contra jornalistas no Brasil em 2023, mas não significa que estamos em um ambiente seguro para o exercício da profissão. Essa redução no ano passado, na comparação com 2022, se dá pela queda da categoria “descredibilização da imprensa”, que foi inaugurada por Jair Bolsonaro e reduziu significativamente após a saída dele da Presidência da República. Além disso, caíram os casos de ‘censura’ que contabilizávamos pelo Dossiê de Censura da Empresa Brasil de Comunicação.”
No Maranhão, o Jornalista Joerdson Rodrigues foi vítima desta violência sofrida por quem opta pela Liberdade de Expressão.
Em um evento que aconteceu nesta segunda-feira (26) no povoado de Canelatiua, em Alcântara, um ato criminoso manchou o lançamento do Termo de Execução Descentralizada do Ministério de Igualdade Racial e o IFMA. O evento contou com a presença da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Texeira, e Jorge Messias da Advocacia-Geral da União.
O ex-vereador de Alcântara, Benedito Barbosa, atacou o jornalista Joerdson Rodrigues (que é negro) durante o evento. Biné se aproximou e desferiu tapas no peito do jornalista, além de proferir ameaças. Joerdson não se deixou abater e questionou o motivo de tal agressão.
O jornalista registrou um Boletim de Ocorrência para fins de direito. Leia tudo clicando aqui.
Assédio judicial se multiplica
Samira de Castro explica que a categoria “cerceamento à liberdade de imprensa por ações judiciais e/ou inquéritos policiais” sofreu um aumento de 13 para 25 casos registrados, um crescimento de 92,31% com relação ao ano anterior ao levantamento.
“Essa situação é muito preocupante porque mostra o uso do Judiciário para calar os jornalistas. E o efeito dessa prática, mais à frente, certamente será a autocensura de profissionais e veículos de mídia porque esse tipo de abuso do poder de litigância tem efeito não só individual, mas coletivo. Os profissionais acabam devastados emocional e financeiramente, tendo de arcar com defesas em supostos crimes contra a honra que, infelizmente, têm apenas o objetivo de impedir a livre circulação da informação jornalística.”
Veja participação de Joerdson no último final de semana no Podcast Pinga Fogo:
Via Blog do Neto Cruz