Lourival Serejo diz que Gonçalves Dias escreveu Canção do Exílio movido pela saudade da pátria

Ao comemorar os 200 anos de nascimento do poeta Gonçalves Dias, o presidente da Academia Maranhense de Letras, escritor Lourival Serejo dissecou, para O Imparcial, pontos importantes da obra fenomenal de caxiense da Canção do Exílio. “Estamos mantendo acesa a vela da imortalidade do nosso maior poeta, que merece todas as homenagens do Maranhão e do Brasil”, disse ele.

Para Lourival Serejo, a Canção do exílio “é uma canção inserida no movimento romântico, mas com as tintas do estilo e das inovações técnicas do gênio do poeta de Caxias”. Acredita que o poeta foi “impulsionado pela saudade da pátria” ao elaborar o poema mais sublime do romantismo brasileiro”. Até o Hino Nacional captou dois versos da Canção0 do Exílio em sua composição.

Goncalves Dias, poeta maranhense nascido em 10 de agosto de 1823

“Afinal, Gonçalves Dias foi também etnógrafo, historiador, jornalista, cronista e dramaturgo. No magistério, destacou-se como professor no Colégio Imperial Pedro II e na intensa pesquisa que fez sobre nosso sistema educacional, conta Lourival, na entrevista abaixo:

O que levou a Academia Maranhense de Letras comemorar o bicentenário de Gonçalves Dias?

Comemorar o bicentenário do Poeta Nacional, o maior poeta do romantismo brasileiro, não é uma efeméride qualquer. Como maranhenses, como acadêmicos responsáveis por manter acesa a vela da imortalidade, é nosso dever festejar essa data, que não se reduz a 10 de agosto, data do seu nascimento, mas ao ano inteiro. Gonçalves Dias merece todas a homenagens do Maranhão e do Brasil.

Qual a importância de Gonçalves Dias para a poesia, a literatura, o magistério e o jornalismo brasileiro em sua época?

Como poeta, Gonçalves Dias é o autor do poema mais conhecido e recitado do Brasil: Canção do Exílio. Foi ele que deu a tonalidade técnica e conduziu a evolução do nosso romantismo ao mais alto patamar, tanto do Brasil como da Europa, então considerada a medida de todas as produções poéticas e literárias. Não só na poesia, revelou-se o gênio de Gonçalves Dias: foi etnógrafo, historiador, jornalista, cronista e dramaturgo. No magistério, destacou-se como professor no Colégio Imperial Pedro II e na intensa pesquisa que fez sobre nosso sistema educacional.

Gonçalves Dias era conhecido também como poeta indigenista, qual o legado que ele deixou para a causa indígena brasileira, um tema tão atual nos tempos presentes?

Valiosa a posição de Gonçalves Dias em defesa da causa indígena. Se Gonçalves Dias ainda estivesse vivo, com certeza estaria ao lado dos indígenas atuais na luta por seus direitos. O legado que ele deixou em favor dos povos originários foi o reconhecimento dos seus valores culturais e sua importância na edificação do país.

Das obras indianistas de Gonçalves Dias destacam-se Canção do Tamoio, Os Timbiras, I-Juca-PIrama, O Canto do Piaga e Leito de Folhas Verdes. Como entender hoje esse enfoque nada lírico abordado com tanta ênfase pelo grande poeta da literatura brasileira?

Esses poemas despertaram a consciência nacional sobre a existência desses heróis anônimos que representavam a identidade nacional. Pode-se perceber que a inspiração gonçalvina pela causa indígena já continha um grito de alerta para a importância pelo reconhecimento das agendas atuais desses povos.

Pela inspiração de Gonçalves Dias ao realçar a palmeira do Babaçu e o canto do Sabiá – estando ele na Europa –, o clássico Canção do Exílio tinha mais a ver com romantismo ou com o meio ambiente, tema na época fora do padrão literário?

A Canção do exílio é uma canção inserida no movimento romântico, mas com as tintas do estilo e das inovações técnicas do gênio do poeta de Caxias. Impulsionado pela saudade da pátria, Gonçalves Dias elaborou o poema mais “sublime” do romantismo brasileiro, tanto que o Hino Nacional captou dois versos dele em sua composição. Como poeta, ele também era profeta. Então, extrai-se desse poema uma mensagem ambientalista de conservação da natureza que teria aplicação mais além do ano em que foi produzida.

BLOG DO RAIMUNDO BORGES

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