Após se entregar à Polícia Civil por suspeita de assassinar um policial militar durante uma vaquejada no interior do Maranhão, o prefeito de Igarapé Grande, João Vitor Xavier (PDT), está preso preventivamente em uma cela individual, com cama e banheiro, em unidade prisional de São Luís. A informação foi confirmada pela Secretaria de Administração Penitenciária do Estado (Seap).
Detido desde a última terça-feira (15), João Vitor passou por audiência de custódia e, por determinação judicial, permanece recolhido de forma separada dos demais internos. Apesar da gravidade da acusação, ele não perdeu os direitos garantidos pelo cargo e continua recebendo o salário integral de prefeito, que é de R$ 13.256,08 líquidos.
A prisão preventiva foi determinada pelo juiz Luiz Emílio Braúna Bittencourt Júnior, com o argumento de preservar a ordem pública e garantir o andamento das investigações, incluindo a busca pela arma do crime, que ainda não foi localizada. O prefeito é investigado por homicídio, mas ainda não foi formalmente indiciado.
O caso ganhou repercussão após a morte do policial militar Geidson Thiago da Silva, no dia 6 de julho, durante uma festa popular em Trizidela do Vale. Segundo testemunhas, a discussão teria começado por causa do farol do carro do prefeito, que estava incomodando o público. O policial, que estava de folga, teria pedido para que o farol fosse desligado. João Vitor, então, teria sacado uma arma e disparado pelas costas da vítima.
Dias depois, a Justiça autorizou a prisão preventiva e mandados de busca. O prefeito chegou a prestar depoimento anteriormente, mas foi liberado por não haver flagrante. Desde então, era considerado foragido até se apresentar à polícia em São Luís.
Antes de ser preso, João Vitor solicitou licença médica da prefeitura por 125 dias, justificando abalo psicológico e necessidade de tratamento psiquiátrico. A Câmara Municipal aprovou o afastamento por unanimidade no dia 9 de julho. A vice-prefeita, Maria Etelvina, assumiu o comando do Executivo municipal.
Por ocupar um cargo com foro privilegiado, o caso poderá ser julgado em tribunais superiores, caso haja denúncia e aceitação da acusação formal. Até o momento, a defesa do prefeito sustenta a versão de legítima defesa, alegando que o policial teria ameaçado o gestor com uma arma durante a discussão. Testemunhas e a Polícia Civil, no entanto, refutam essa versão.
A arma utilizada no crime, um revólver calibre .38, segundo o próprio prefeito, teria sido um presente e não possui registro. Imagens analisadas pela polícia mostram o prefeito próximo ao carro e ao local do crime, mas não captam o momento dos disparos. A perícia nas gravações segue em andamento.
Enquanto isso, João Vitor Xavier permanece isolado em cela especial, sob custódia do Estado, aguardando os próximos desdobramentos do inquérito que pode levá-lo a responder por homicídio qualificado. O INFORMANTE.