As convenções municipais de 2024 vão ser realizadas entre os dias 20 de julho e 05 de agosto, mas a movimentação dentro dos partidos tem o acompanhamento de perto do governador Carlos Brandão (PSB). Afinal, as eleições deste ano têm tudo a ver com as disputas de 2026. No tabuleiro do xadrez político, cada peça movida em 2024 precisar estar alinhada com as eleições gerais de 2026.
No Brasil uma eleição puxa outra, mas os prefeitos e vereadores acabam sendo a base de sustentação dos deputados estaduais, federais, senadores, governadores e, no conjunto da obra, também da corrida à Presidência da República. O presidente Lula e o opositor Jair Bolsonaro já entraram no jogo municipal, percorrendo o país.
No âmbito estadual, Carlos Brandão também atua diretamente na busca de candidaturas competitivas para ganhar na maioria das 217 prefeituras, com maior ênfase nos municípios mais importantes, a partir de São Luís, onde 12 partidos apoiam o deputado federal Duarte Jr (PSB). Ele tem a campanha coordenada por Marcus Brandão, presidente do MDB e irmão de Carlos Brandão.
Já na perspectiva de 2026, o governador será candidato ao Senado, enquanto o vice Felipe Camarão (PT) está pronto para ser o que Brandão foi em 2022, quando Flávio Dino passou-lhe o comando do governo já como candidato ao Palácio dos Leões. Dino marcou a maior votação da história do Maranhão (2,1 milhões) e Brandão, eleito no 1º turno.
É inegável que, no meio dessas duas pré-campanhas entrelaçadas, existe um ingrediente de alto poder influenciador do voto: as pesquisas eleitorais. Desde o ano passado elas aparecem como mantras sobre candidaturas, algumas claramente partidarizadas e capazes de inverter cenários ou criarem condições favoráveis a quem paga.
No Brasil são 5.560 cargos de prefeito e 60.311 cadeiras de vereador em disputa. De janeiro até hoje, quando as pesquisas passaram ao controle de registro na Justiça Eleitoral, as pesquisas estão por toda parte, mesmo sofrendo corrosão no quesito credibilidade. Mesmo assim, elas funcionam.
Em outro ângulo, observa-se que o peso da máquina pública acaba sendo o eixo central das campanhas. Não importa se o dinheiro é municipal, estadual, de emendas parlamentares, de repasses federais, ou mesmo de financiadores privados. As campanhas são tão caras que acabam mexendo com indicadores sociais.
Na corrida ao senado em 2016, a segunda vaga pode acabar num embate entre Weverton Rocha (PDT), Eliziane Gama (PSD) e Josimar do Maranhãozinho (PL) – ou quem sabe, Eduardo Braide se for reeleito
Em obras públicas ou nos gastos pertinentes à corrida pelo voto, nas campanhas, tudo vale a penas quando a grana não é pequena. Fora desse parangolé, as oligarquias municipais ainda resistem fortemente em municípios, adotando o sistema clássico de garantir o poder de mando pelo grau de parentesco. As oligarquias atravessam séculos, vencem tecnologias e se mantêm.
De qualquer forma, porém, as eleições municipais no Maranhão e no Brasil sairão das urnas de 6 de outubro “contaminadas” pelo sectarismo ideológico,banhado do ódio que divide o Brasil entre bolsonaristas e lulistas. Como por aqui Carlos Brandão não é considerado nem esquerda lulista, muito menos de extrema direita bolsonarista, ele busca se equilibrar pela via do centro, fácil de congregar tendências diversas, sem o risco da radicalização.
Portanto, quando mais prefeitos eleger em 2024, mais força agregará em 2026, para tocar o projeto do Senado e deixar Felipe Camarão dando as cartas no Palácio dos Leões. Já a segunda vaga no Senado pode acabar num embate triangular entre Weverton Rocha (PDT), Eliziane Gama (PSD) e Josimar do Maranhãozinho (PL) – ou quem sabe, Eduardo Braide se for reeleito.
Todo esse cenário de 2024, que já custa milhões de reais, estará em 2026 revirado de cabeça para baixo, desde a posição dos prefeitos, passando por deputados estaduais e federais. É complicado até se imaginar Jair Bolsonaro fora do pleito presidencial pela inelegibilidade de hoje; ou se o presidente Lula será candidato à reeleição.
Até porque o Senado promete colocar ainda este ano, a Proposta de Emendas Constitucional que acaba com o instrumento da reeleição de prefeito, governador e presidente da República. Nem é preciso ser futurologista para deduzir sobre as reviravoltas que a política dará ainda em 2024 e no intervalo desta eleição para as gerais de 2026. Nada será como antes em cada papel de protagonista desse teatro bufo. Por Raimundo Borges – O IMPARCIAL ONLINE.