Por Nonato Reis*
Em entrevista exclusiva de uma hora e meia, comigo, na Rádio Maracu, no dia em que completou 64 anos de vida, o prefeito de Viana, Carrinho Cidreira, anunciou que pretende colocar em execução um projeto de turismo para explorar as potencialidades da região dos lagos, incluindo o Rio Maracu, que banha Cajari e o Povoado histórico de Ibacazinho, berço da catequese jesuítica. “Vamos fazer gestões com os governos federal e estadual, articular com as agências de fomento, criar um calendário comum de eventos, para que o turista possa visitar Viana e os municípios da região o ano todo, e não apenas durante a fase invernosa”.
A declaração foi feita na esteira da excursão ecoturística, promovida pelo Fórum em Defesa da Baixada Maranhense e o Sistema Maracu de Rádio e TV, que inlcuiu passeio náutico nos lagos de Viana e Aquiri, passagem pelo Rio Maracu, que banha o Ibacazinho, cenário dos livros A Saga de Amaralinda e A Fazenda Bacazinho, e banho nos campos inundados da Fazenda Nazaré.
Cerca de 80 convidados especiais, incluindo funcionários do Sebrae, escritores e imortais de academias de letras, participaram do evento e ficaram encantados com as belezas naturais de Viana.
A ideia de Carrinho é envolver o Fórum em Defesa da Baixada e organismos da sociedade, como o Sistema Maracu de Rádio e TV e a Academia Vianense de Letras, na elaboração de um projeto viável para fomentar o turismo, explorando o que Viana tem de mais interessante neste setor: cultura, história, curiosidades e meio ambiente.
Para tanto, o Prefeito deseja elaborar um calendário de grandes eventos culturais e relacionar com o turismo, a exemplo do que fazem outras cidades, como Paraty, que atrai visitantes o ano todo. “Assim como Barreirinhas, Santo Amaro e a Chapada das Mesas, no sul do Estado, nós vamos ocupar um lugar no mapa do turismo”.
IBACAZINHO HISTÓRICO
O Prefeito explicou que deseja criar uma infraestrutura no povoado de Ibacazinho, construindo ali uma via costeira, que deverá margear o rio Maracu e circundar o povoado, com iluminação pública ao longo da avenida e a fixação de marcos históricos.
O Ibacazinho é o povoado mais antigo de Viana e berço da cidade, que ali nasceu em função da catequese jesuítica. No final do século XVII os padres inacianos navegaram o leito do rio e aportaram no lugar onde seria construído o Cemitério dos Anjos. Ali, na margem oposta do rio, onde anos atrás existiu a Quinta de Stanislau, edificaram a Fazenda São Bonifácio do Maracu, lançando assim a pedra fundamental de Viana. “O Ibacazinho é um povoado repleto de história, tem vários livros ambientados ali e um enorme potencial turístico, e nós vamos prepará-lo para que seja um cartão de apresentação de quem nos visitas”.
Na via costeira a ser construída será colocado um obelisco, com o resumo da história de Viana, e marcos informativos nos locais que remetem à odisseia da catequese jesuítica, como o lugar em que foi construída a Fazenda São Bonifácio, hoje imerso em matagal, a área que abrigou a igreja jesuítica, ao lado do Cemitério dos Anjos, o Cemitério dos Tamarindeiros, famoso pela lenda de um tesouro esquecido abaixo de suas raízes, o Porto do Padre – cenário do romance A Saga de Amaralinda -, o canal da Mutuca – aberto pelo braço escravo, ligando o rio Maracu aos campos do Tamataí – A fazenda Bacazinho e o Fojo – espécie de túnel aberto pelos jesuítas para possibilitar o trânsito de carro de bois.
O presidente do Fórum em Defesa da Baixada, empresário Expedito Moraes, reconheceu o esforço do Prefeito Carrinho Cidreira, para mudar a realidade turística da região, e conclamou todas as forças vivas da sociedade para cerrar fileiras nesse esforço. “O Carrinho é um político de visão e uma liderança de toda a região da Baixada. Sabemos que, com ele à frente, poderemos, finalmente, construir um polo de atração turística para Viana e os municípios vizinhos”. Segundo ele, o Sebrae também está disposto a atuar como suporte técnico na elaboração de projetos.
Na entrevista à Rádio Maracu, Carrinho falou dos dois anos e quatro meio de sua gestão e, apesar dos avanços obtidos, reconheceu que a reconstrução de Viana ainda não se concluiu. “Essa é uma obra que, pela sua complexidade e extensão, ainda está em construção, mas já demos passos importantes. Se olharmos para trás, veremos que aquela página de sofrimento e abandono do município está, definitivamente, virada”.
Ele citou obras estruturantes realizadas pela sua administração, como a completa reformulação do Parque Dilú Melo, hoje considerado um grande cartão de visitas da cidade. “É uma obra que resgata o orgulho de ser vianense. Somente as grandes cidades possuem uma estrutura físicas e de serviços deste porte”.
Citou também a construção da rodovia intermunicipal que liga Viana a Pedro do Rosário, numa extensão de 38 quilômetros, construída em terreno de revelo irregular, que exigiu várias obras de arte, como pontes de concreto e túneis de drenagem fluvial. A avenida Luiz Couto, que faz a ligação da rodovia MA-014 com a entrada da cidade, passou por melhoramentos, e deve ser objeto de intervenção com drenagem profunda e troca da camada asfáltica e iluminação moderna, até o final da gestão.
Outra obra estratégica, que vai dar uma nova feição à cidade é o projeto da nova feira de alimentos, na Barra do Sol, que deve ter início nos próximos meses. Todos os proprietários de bancas do atual logradouro já foram cadastrados, para que sejam relocados, provisoriamente, em outro local, durante o período de construção da obra. O projeto prevê três pisos, com garagem, áreas de box para a comercialização de hortifrutigranjeiros, carnes e pescados, e um piso superior, onde funcionará uma praça de alimentação e áreas de galeria, com lojas para a comercialização de lanches, vestuário, calçados, bijuterias e outros produtos. “Trata-se de um projeto arrojado, que exige recursos elevados, mas nós vamos dar esse presente para Viana”.
Outro projeto, que levou anos engavetados e que deve ser concluído no segundo semestre é o do abastecimento de água. A obra está em pleno curso, e os operários da empresa contratada trabalham no momento na expansão da rede física de distribuição, com a abertura de valas e alinhamento da tubulação. “Esse é um sonho antigo dos vianenses, que impôs muito sofrimento ao povo, e que agora está com os dias contatos”.
No resumo da ópera, o projeto idealizado por Carrinho Cidreira é uma obra ainda incompleta, mas em permanente construção, e em que pese a enorme demanda de uma cidade que já ultrapassou a marca de 60 mil habitantes, vem dando respostas seguras, para fazer de Viana um lugar aprazível de se viver, e em cujo torrão os vianenses, tal como em tempos remotos, sintam orgulho terem nascidos.
Texto e fotografias: *Nonato Reis – Jornalista e Escritor vianense